sábado, 8 de outubro de 2011

Deitar cedo e cedo erguer…










O nosso terceiro dia, foi também o terceiro e último dia do nosso grupo, mas não o nosso. O objectivo até à hora do almoço estava bem definido – encontrar o bicho preguiça! Quando perguntávamos ao nosso guia se havia mesmo o dito bicho, a resposta era sempre igual – “Teemmm…” Mas muitos? “Teemmm…” Tínhamos tanta confiança na resposta, que tínhamos também quase a certeza que se a pergunta fosse “tem urso polar?” a resposta seria “Teemmm…”

Lá fomos outra vez na canoa. Ao terceiro dia, já tínhamos tornado o nosso assento de madeira num local mais confortável, recorrendo aos coletes salva-vidas. A sério que já me doía o bum-bum e, cá para nós, se a canoa afundasse quer-me parecer que o colete de pouco me servia num lago cheio de piranhas e jacarés!








A viagem de canoa pelos lagos, aparentemente não era novidade. Mas sempre aparecia uma nova ave, um pormenor que ainda não tínhamos reparado. A busca pelo bicho preguiça tornou-se intensiva. E de repente a canoa entrava pela floresta, contornando arvores plantas enquanto todos procuravam o bicho! De repente um grande splash na água! Uma iguana tinha caído da árvore. Pelo som, um bichito para ter um metrito!

O bicho preguiça não apareceu e o nosso grupo tinha de voltar à civilização. Tempo para almoço, fotos de grupo e despedidas com promessas de contacto futuro.

À tarde, seríamos só nós e o Ismael, o nosso guia nativo. Seguimos para ver a maior arvore da Amazónia (diz ele). As condições do dia, tornaram o rio um verdadeiro espelho! Mesmo impressionante o reflexo das árvores, das casas, e do céu… azul… azul… A árvore era efectivamente muito grande e ninguém sabe muito bem quantos anos tem! Apesar do nosso jeito e do avançadíssimo equipamento fotográfico não há uma foto que permita mostrar toda a árvore.

Seguimos em direcção a… querem adivinhar? Isso mesmo! À procura do bicho preguiça. Pelo caminho, fomos sendo acompanhados por 4 golfinhos rosa e cinza que pareciam escoltar-nos no percurso. Já quase anoitecia, quando lá vimos o dito! Em cima duma árvore, quase escondido, e quase a fazer-se de morto lá estava ele – o bicho preguiça! Afinal tem!!

Nas noites anteriores, o facto de ficarmos sem luz às 9:30h da noite, não tinha sido… digamos... “bem aceite”. Por isso, resolvemos pedir uma lanterna, ao menos para ler um livro ou qualquer coisa do género. Depois de jantar, deviam ser umas 8h lá fomos para o quarto, cheios de planos para a noite. Era ver as fotos e começar a escrever os posts, era ler um livro, era começar a arrumar as malas, e tal e tal. Ao fim de 20 minutos a ver fotos, o Sérgio tirou os óculos e adormeceu. Pensei para mim “Como é possível? São 8:30h!!”. Peguei no PC e comecei eu a ver as fotos… acordei eram 9:15h… e fui desligar a luz…



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O nosso forte é a pesca! ou não...

O domingo amanheceu com uma música diferente, mas dos mesmos artistas que nos embalaram na noite anterior. Ao som da natureza, questiono-me sobre o traje adequado para o passeio matinal pela mata... Ops! A mochila ainda não apareceu! Lá terá de ser o mesmo dos últimos dois dias, só trocando por uma t-shirt do Sérgio que fica mesmo a matar com os meus all-star amarelos (o calçado ideal para passear na mata)!!









Depois do pequeno-almoço lá fomos para o passeio pela mata, devidamente perfumados com quantidades astronómicas de repelente! Ao longo do percurso, fomos sendo apresentados a um sem número de arvores e plantas que têm todo o tipo de utilização, desde construir canoas, a provocar um aborto :-

!! Os animais também não faltam e vão desde formigas muito acima do tamanho normal do que estamos habituados a ver, a borboletas que parecem corujas, tarântulas (que vimos a uma distancia de segurança), um sapo tão venenoso que consegue matar até 20 pessoas (este só o guia é que viu, mas também não é coisa que se queira por perto) e ainda a larva dentro da árvore, que o guia comeu depois de todos os turistas terem recusado, só porque o bicho ainda mexia!
Depois do passeio, o que apetecia mesmo era mergulhar nas águas mornas do rio! A bendita mochila acabou por aparecer na hora certa e ainda deu para estarmos por ali de molho até à hora do almoço.











Tendo em conta que estávamos literalmente no meio do mato, a comida era o que se podia esperar. Básica, mas até bastante saborosa, regada com suco de caju ou goiaba, colhidos ali mesmo no jardim.
Depois de umas 2 horas de descanso, esperava-nos outra aventura - pescar piranhas! Lá fomos na canoa, pelos rios aproveitando para procurar o bicho preguiça, que aparentemente todos tinham visto menos nós. Esse não apareceu, mas as piranhas estavam lá! Devidamente equipados com o último modelo de cana de pesca de competição desportiva (um pauzito, com uma linha e um anzol), lá ficamos a espetar carne no anzol e o anzol na água, utilizando todo um conjunto de técnicas de atracção de piranhas (como bater com a cana na água, ou carregando o anzol de carne suficiente para uma refeição de humanos). O resultado da selecção de Portugal nesta competição não chegou para uma medalha mas também não envergonhámos ninguém com a pesca de 2 exemplares de tamanho e dentadura considerável, que acabaram no nosso prato no almoço do dia seguinte! A distribuição dos 2 exemplares pela equipa é assunto tabu que não posso aqui comentar. ;)
O regresso ao hotel, é acompanhado pelo magnifico por do sol, que conseguimos mostrar em algumas das fotos. As cores ao vivo são muito semelhantes, mas não conseguimos partilhar convosco o que é presenciar e sentir aquele céu imenso e aquelas cores intensas, cujos tons vivos vão mudando a cada segundo. Não é preciso muito para apreciar a beleza que é o nosso planeta e como ele se mantém (ainda) preservado!







                                                 ...someone told me not to cry...

Não estamos sozinhos...

Manaus é uma cidade gigante com cerca de 2 milhões de habitantes, no entanto, ainda uma cidade muito precária e com muitas necessidades. Ao longo da nossa viagem e quanto mais no afastamos do centro, mais testemunhamos que ainda existe muita pobreza e uma grave falta de infraestrutura num país que tem tudo para ser uma potência mundial.

Não planeámos visitar a cidade, mas acabamos por passar na praça do Teatro Amazonas, um dos edificios mais imponentes da cidade e construído na época da borracha.




A nossa viagem de 3h até ao "mato", começou no porto de Manaus onde apanhámos uma balsa que atravessa o Rio Amazonas, exactamente onde ele "nasce". Até Manaus, este imponente rio cor-de-terra, chama-se Rio Solimões e, é em Manaus onde se junta com o Rio Negro, que passa a chamar-se Rio Amazonas. O rio Negro é escuro, e está a uma temperatura e velocidade diferente do rio Solimões e é por isso que é muito fácil ver os dois rios correndo em paralelo, e até sentir a diferença de temperatura quando colocamos a mão na água. Só depois de 14 km em paralelo é que se juntam numa só cor e água.




A travessia de balsa, leva-nos até um pequeno porto com edificios de madeira em cima de estacas. A saída da balsa é sobre umas tábuas ladeadas de pequenos barcos de pescadores, carregados de peixes que nos são estranhos. Nos dias que se seguiram, ouvimos falar muito destes peixes, mas os seus nomes (dados pelos indios) são quase tão dificeís de memorizar, como de pronunciar!


Entramos num onibus ;), que nos levará durante umas 2h entre estradas alcatrão e terra às pequenas canoas que finalmente nos levam ao hotel/pousada. Desde que passamos o Rio Amazonas que não temos rede no telemóvel. Está calor, muito calor e muita humidade. E eu estou toda contentinha com a minha nova máquina fotográfica!






Os 30 minutos de canoa são ladeados por uma vegetação exuberante, verde e mais verde, sob um céu azul de cortar a respiração, até avistar o Ararinha Jungle Lodge. O hotel/pousada, tem apenas 8 quartos, e uma zona de camaratas / redes, sobre a sala de refeições. Tudo é de madeira e rede e logo nos avisam que só há electricidade das 18:30h às 21:30h. Tudo é muito básico, mas mais do suficiente para quem está na Amazónia.









Depois de almoçar, fomos de canoa fazer um reconhecimento da área. Estamos no lago Ararinha nas margens do Paraná do Rio Mamori, um dos muitos rios da Amazónia. Nos dias seguintes andamos por ali... é um emaranhado de rios e cursos de água, de arvores e animais exóticos que vamos descobrindo a cada passeio. Ao jantar temos oportunidade de conversar e conhecer melhor os nossos companheiros de viagem. Italiano, cubanos, ingleses e americanos... todos simpáticos, todos descontraídos...todos boa companhia!

E foi neste espirito que lá fomos outra vez na canoa, apanhar jacarés! A esta altura junta-se aos dois guias nos acompanharam durante o dia, um terceiro guia, muuitooo sinistro. Todo ele vestido de camuflado, com botas da tropa, um chapéu de safari e um punhal que tinha pelo menos 30cm, preso à cintura. A coisa prometia, mas ele tinha um ar corajoso! Recomendações e mais recomendações e lá fomos apanhar os jacarés. No silêncio da noite, as lanternas apontam para as margens do rio, onde os olhos vermelhos dos jacarés brilham. A canoa aproxima-se lentamente, e o guia corajoso, na frente da canoa baixa-se e tenta apanhar o bicho! tentou umas 4 vezes, mas os bichos fugiam, até que lá apanhou dois jacarés de cerca de um metro que andaram a passear de mão em mão enquanto explicava tudo o que há para saber sobre o animal. O americano, sentado ao meu lado da canoa dizia "Looks like a bag!" e parecia mesmo! :)


Era dia de jogo Portugal - Brasil Sub 20. O nosso guia nativo lá nos convenceu a ir a um forró onde supostamente havia TV. Lá fomos pela noite escura, na canoa, até chegar a uma barraca de madeira, com uma festa onde deveriam estar aí uns 20 homens, a jogar snooker e ouvir forró (ninguém dançava). Televisão? Nem vê-la! Vá... havia umas cervejas numas caixas de esferovite em gelo - um luxo!

No regresso nem queríamos acreditar no céu que estava sobre as nossas cabeças. Um céu limpo e estrelado com nunca tínhamos visto! Estrelas que brilham intensamente e nos fazem acreditar que não estamos sozinhos no universo... E nem ali, onde o som de aves, insectos e sapos se torna a banda sonora que nos faz adormecer...

                                             Look at the stars, Look how they shine for you...






domingo, 28 de agosto de 2011

Para quando o teletransporte (incluindo bagagens)?

Tenho para mim, que somos daqueles viajantes que facilmente pagariam mais 10% do bilhete de avião, para evitar o ligeiro stress de viajar de avião. Não é andar de avião que me incomoda e não tenho medo, nem vertigens, nem nada disso, é mesmo o "sistema". Horários, check-in, policia, raio-x, bagagens, atrasos.. um sem numero de procedimentos a que não temos como fugir se queremos conhecer o mundo. É também verdade que, este stress que nos ajuda a gostar ainda mais do que visitamos, e a esquecer rapidamente um ou outro pormenor que possa ter corrido menos bem.

O Sérgio chegou a S. Paulo depois de um voo de 10h de Lisboa, e para além do voo chegar atrasado, a mochila dele foi a última a sair. Segundo ele, até um cão, saiu primeiro :). Quando nos encontramos, faltavam 40 min para a partida do nosso voo para Manaus e tinhamos ainda que atravessar todo o aeroporto, fazer check-in, despachar bagagem e entrar no avião. Sempre que me vejo numa destas cenas, a correr pelo aeroporto, penso sempre que as malas não correm e vamos todos no mesmo avião...  Dito e feito! A minha mochila parece que não correu o suficiente e enfiou-se num voo para fortaleza!

Chegámos ao hotel a Manaus, deviam ser umas 3h da manhã. Na viagem do aeroporto para o hotel, o nosso guia, teve oportunidade de nos contar os seus projetos para o turismo na Amazónia e de nos informar que seríamos, nos próximos dias, os únicos brasileiros do grupo! Quando lhe dissemos que eramos portugueses, veio a já tipica resposta "Ah! É que falam mesmo bem português!!" :)

                                        Go to sleep...Something big is gonna happen...

domingo, 3 de abril de 2011

O final de uma viagem é apenas o inicio de outra..

Like all great travellers, I have seen more than I remember,
and remember more than I have seen.
Benjamin Disraeli



terça-feira, 22 de março de 2011

Santiago do Chile e Valparaíso

Ao chegar a Santiago percebemos logo que era o local ideal para terminar a nossa viagem. O calor que se sentia, e do qual já sentíamos saudades, o movimento da cidade e a quantidade pessoas em todo o lado, era sem dúvida o que precisávamos depois de dias e dias maravilhosos na Patagónia.

Santiago tem gente por todo o lado! É uma cidade enorme, com os Andes logo ali, com história e imensos edificios antigos com traços seculares e pessoas... e pessoas... e pessoas. A qualquer hora, em qualquer local. Ajudou ser sexta e sabado, mas impressionava, nomeadamente o número de jovens, comendo, bebendo, tocando, dançando e vendendo tudo o que se imagina nas ruas. Gostámos muito do patio bellavista! Um barrio antigo cheio de restaurantes e bares e lojinhas de artesanato e arte - o ambiente era super agradável!

E depois...Valparaíso. A cidade cheia de história, ascensores e colinas cheias de casas coloridas. A vista sobre o Porto, permite ver até às praias de Vina Del Mar. Subimos num ascensor histórico e ficamos por ali, a apreciar as vistas de cada mirador, as casas coloridas, os grafitis artisticos (alguns, pelo menos) até descer num outro ascensor histórico.

Não foi fácil seleccionar as fotos deste post! Espero que gostem!