quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Não estamos sozinhos...

Manaus é uma cidade gigante com cerca de 2 milhões de habitantes, no entanto, ainda uma cidade muito precária e com muitas necessidades. Ao longo da nossa viagem e quanto mais no afastamos do centro, mais testemunhamos que ainda existe muita pobreza e uma grave falta de infraestrutura num país que tem tudo para ser uma potência mundial.

Não planeámos visitar a cidade, mas acabamos por passar na praça do Teatro Amazonas, um dos edificios mais imponentes da cidade e construído na época da borracha.




A nossa viagem de 3h até ao "mato", começou no porto de Manaus onde apanhámos uma balsa que atravessa o Rio Amazonas, exactamente onde ele "nasce". Até Manaus, este imponente rio cor-de-terra, chama-se Rio Solimões e, é em Manaus onde se junta com o Rio Negro, que passa a chamar-se Rio Amazonas. O rio Negro é escuro, e está a uma temperatura e velocidade diferente do rio Solimões e é por isso que é muito fácil ver os dois rios correndo em paralelo, e até sentir a diferença de temperatura quando colocamos a mão na água. Só depois de 14 km em paralelo é que se juntam numa só cor e água.




A travessia de balsa, leva-nos até um pequeno porto com edificios de madeira em cima de estacas. A saída da balsa é sobre umas tábuas ladeadas de pequenos barcos de pescadores, carregados de peixes que nos são estranhos. Nos dias que se seguiram, ouvimos falar muito destes peixes, mas os seus nomes (dados pelos indios) são quase tão dificeís de memorizar, como de pronunciar!


Entramos num onibus ;), que nos levará durante umas 2h entre estradas alcatrão e terra às pequenas canoas que finalmente nos levam ao hotel/pousada. Desde que passamos o Rio Amazonas que não temos rede no telemóvel. Está calor, muito calor e muita humidade. E eu estou toda contentinha com a minha nova máquina fotográfica!






Os 30 minutos de canoa são ladeados por uma vegetação exuberante, verde e mais verde, sob um céu azul de cortar a respiração, até avistar o Ararinha Jungle Lodge. O hotel/pousada, tem apenas 8 quartos, e uma zona de camaratas / redes, sobre a sala de refeições. Tudo é de madeira e rede e logo nos avisam que só há electricidade das 18:30h às 21:30h. Tudo é muito básico, mas mais do suficiente para quem está na Amazónia.









Depois de almoçar, fomos de canoa fazer um reconhecimento da área. Estamos no lago Ararinha nas margens do Paraná do Rio Mamori, um dos muitos rios da Amazónia. Nos dias seguintes andamos por ali... é um emaranhado de rios e cursos de água, de arvores e animais exóticos que vamos descobrindo a cada passeio. Ao jantar temos oportunidade de conversar e conhecer melhor os nossos companheiros de viagem. Italiano, cubanos, ingleses e americanos... todos simpáticos, todos descontraídos...todos boa companhia!

E foi neste espirito que lá fomos outra vez na canoa, apanhar jacarés! A esta altura junta-se aos dois guias nos acompanharam durante o dia, um terceiro guia, muuitooo sinistro. Todo ele vestido de camuflado, com botas da tropa, um chapéu de safari e um punhal que tinha pelo menos 30cm, preso à cintura. A coisa prometia, mas ele tinha um ar corajoso! Recomendações e mais recomendações e lá fomos apanhar os jacarés. No silêncio da noite, as lanternas apontam para as margens do rio, onde os olhos vermelhos dos jacarés brilham. A canoa aproxima-se lentamente, e o guia corajoso, na frente da canoa baixa-se e tenta apanhar o bicho! tentou umas 4 vezes, mas os bichos fugiam, até que lá apanhou dois jacarés de cerca de um metro que andaram a passear de mão em mão enquanto explicava tudo o que há para saber sobre o animal. O americano, sentado ao meu lado da canoa dizia "Looks like a bag!" e parecia mesmo! :)


Era dia de jogo Portugal - Brasil Sub 20. O nosso guia nativo lá nos convenceu a ir a um forró onde supostamente havia TV. Lá fomos pela noite escura, na canoa, até chegar a uma barraca de madeira, com uma festa onde deveriam estar aí uns 20 homens, a jogar snooker e ouvir forró (ninguém dançava). Televisão? Nem vê-la! Vá... havia umas cervejas numas caixas de esferovite em gelo - um luxo!

No regresso nem queríamos acreditar no céu que estava sobre as nossas cabeças. Um céu limpo e estrelado com nunca tínhamos visto! Estrelas que brilham intensamente e nos fazem acreditar que não estamos sozinhos no universo... E nem ali, onde o som de aves, insectos e sapos se torna a banda sonora que nos faz adormecer...

                                             Look at the stars, Look how they shine for you...






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