Este ritual que começou no dia anterior, continuava neste dia, em que acordamos às 5:10h porque teríamos de sair às 5:30h. A luz, que se desligou às 9:30h da noite do dia anterior continuava desligada e o sol nem se quer dava sinal de parto. Com um pequeno candeeiro solar e tropeçando nas nossas coisas lá nos conseguimos vestir e sair da tenda que toda a noite se moveu.
Uma hora depois chegamos à aldeia da tribo Hadzabe, ou Bushmen. Daqui para a frente o que vimos foi avassalador.
A primeira imagem é de 3 grupos de homens que, em diferentes degraus de um monte de pedras, se aqueciam à volta de pequenas fogueiras. Estavam com muito pouca roupa e pareciam tiritar de frio.
Cumprimentámos um a um repetindo o que o guia dizia. Fumavam o que pareciam charros e tossiam como se estivessem com pneumonia. Entre a tosse, falavam com o guia uma lingua que inclui estalinhos com a lingua.
Esta tribo só existe no rift valey e entre as varias aldeias, devem existir cerca de 10.000 pessoas. Estão a reduzir drasticamente, devido à alta mortalidade infantil, doenças respiratórias e consiguinidade.
Vivem na e da natureza. Só caçam para comer a que juntam algumas raízes e folhas. Comem de tudo excepto cobras e hienas. As cobras que matam usam para produzir alguns medicamentos. E não comem hienas, porque, tal como os masai não enterram os corpos dos mortos.
Mas os Hadzabe não são como os masai. Perto destes, os masai são ricos e estes estão no extremo da pobreza. Não têm casa, gado, jóias ou fama mundial. Só eles e a natureza. Só monogamicos, mas não respeitam qualquer parentesco (irmãos podem casar). Até há 10 anos nem roupa usavam.
Quando olhamos mais de perto vemos que alguns usam coroas de pelos de babuíno ou até a pele inteira do mesmo como agasalho.
Do outro lado da pedreira encontramos o grupo das mulheres. O cenário não é muito diferente e a este juntamos mais umas crianças, uma pelo menos, com poucos meses.
À volta da pedreira, uma espécie de abrigo individual onde ficam à noite. Há umas peles e carnes penduradas.
De seguida, somos convidados a seguir alguns mais novos na sua tarefa matinal de caça. Mal entramos no mato percebemos que aqueles miúdos andavam muito depressa e, em 10 min, não os víamos. Depois de andar e andar, assobios e gritos lá víamos um deles e depois outro. Apareciam com pombos, pequenos pássaros e esquilos atravessados pelas flechas. Andamos naquilo pelo menos 1hr. De vez em quando parava e ria. Eram 7h da manha e estávamos no meio do mato da Tanzânia atras de uns putos que caçavam de arco e flecha.
A um certo momento sentaram-se no leito de um rio cuja agua não passava hà muito tempo. Acenderam uma pequena fogueira com uns galhos. Depenaram as aves e puseram-nas em cima das chamas. Comeram. Partes cozinhadas e partes cruas. Ofereceram, nas nós nem tínhamos tomado o pequeno almoço, quanto mais ingerir um pombo de churrasco.
Um deles acompanhou-nos de volta à aldeia. Os outros continuaram a caçada.
Só no Rift Valey há mais de 50 tribos diferentes. O governo e as ONG's muito tem feito para levar o progresso a estas tribos. Por todo o lado há miúdos com uniformes da escola. Mas não os Hadzabe. Esses recusam o progresso. Vivem como os homens viviam na pré-história e é ai que querem ficar!
E quem diz que precisam de progresso para serem felizes?
Volta transportugal!!! ;)
ResponderEliminarBem já temos caçador e a receita do churrasco... os próximos jantares ao fds prometem!!
Está linda fotógrafa :)
Dulce
ResponderEliminarUiiiii dá arrepio só de ler, algumas das fotos transmitem tensão, é impressão minha?