terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os Masai

No regresso ao acampamento, o nosso guia masai pergunta-nos se ainda queremos visitar hoje a aldeia dele. Com o coração e a memória RAM cheia de imagens inesquecíveis, decidimos que seria melhor deixar a visita para o dia seguinte.
Acabamos o dia a despir-nos com uma pequena lanterna, porque nos distraímos numa bela conversa e jantar ao luar e ao redor da fogueira, com um casal de jovens professores franceses e a sua Zoe de 4 anos e uma belga de meia idade que tinha acabado de chegar.

Ainda antes das 8h já o nosso guia masai nos esperava para visitar a sua aldeia. Caminhamos por 10 min entre arbustos e pastagens onde vacas, cabras e ovelhas tomavam o seu pequeno almoço.

Na chegada à vila, um guerreiro masai apresenta-se como nosso guia. Com um inglês perfeito, explica-nos o programa e autoriza as fotografias.
Segue-se a dança de boas vindas para a qual somos convidados. A maior parte são jovens guerreiros (tem uma espécie de peruca de cabelo comprido) que cantam e dançam muito concentrados. Segue-se a dança das senhoras.

Os jovens masai tornam-se guerreiros entre os 11 e os 27 anos, depois de sobreviverem vários meses no mato sozinhos. Só depois dos 27 anos podem casar, com a mulher que o seu pai escolher. Podem casar quantas vezes quiserem, desde que o pai pague à família da noiva um dote de: 10 vacas+10 ovelhas+10 cabras+ 10 cobertores masai. A primeira casa do filho é construída pela sua mãe, mas nos casamentos seguintes terá de ser ele a construír a casa para as novas mulheres.

As mulheres casadas usam sempre cabeça rapada ou cabelo muito, muito curto. São elas que fazem tudo em casa.

As casas são feitas de paus das arvores e dejectos das vacas. Parecem minúsculas, mas aquela que visitamos era um T2 bem jeitoso. As casas da aldeia são construídas em circulo e rodeadas por um grande circulo de paus e ervas. À noite os animais ficam no circulo no meio das casas, com excepção dos mais pequenos que ficam com os donos dentro das casas, para proteção dos animais selvagens.

Os masai são muito magros. Manda a tradição que a mulher gravida não deve comer muito e por isso os bebes nascem sempre muito magros. Para além disso a sua alimentação é apenas de leite, sangue e carne de vaca. Nunca comem animais selvagens. Faz parte do seu respeito pela natureza. Raramente estão doentes, e raramente vão ao médico. Curam tudo com plantas.

Quando morrem não são enterrados. São deixados debaixo de uma arvore para que sejam comidos pelos animais selvagens. O governo do kenya proibiu este costume alegando que os masai passavam doenças aos animais, mas ainda é difícil encontrar túmulos masai.

O governo também proibiu a chamada circuncisao feminina. Tema bem conhecido, provoca anualmente centenas de mortes de mulheres. O nosso guia garante que continua a acontecer.

Muitos dos masai são cristãos. Combinam de forma pacifica as crenças tribais com o cristianismo, que lhes foi passado pelos missionários que há alguns anos viu ali um povo por evangelizar.

Há escolas por toda a região onde aprendem swaili (língua oficial do kenya) e inglês.

Os masai não são uma pequena tribo perdida no mundo e que existe apenas em Masai Mara. São um povo de forte cultura que está espalhado por todo o mundo. Vimos masai em Nairobi vestidos exactamente como em Masai Mara onde trabalham como seguranças.

Há masai a viver fora do kenya e que se vestem de forma ocidental, muitos porque casaram com estrangeiros. No entanto, chegando a Masai Mara e tendo muito ou pouco dinheiro, colocam as roupas tradicionais, vivem em casas de dejectos de vaca, dormem com os animais e bebem leite e sangue de vaca, como o Masai que nunca dali saiu. O dinheiro só servirá para comprar mais gado.

Sem identidade no Kenya ou na Tanzânia, os Masai como nómadas podem circular entre os dois países sem restrições. No entanto, nas ultimas e nas próximas eleições no Kenya já votam.

Vivem em democracia, elegendo o Chefe da sua comunidade, e de cada aldeia. Se o chefe morre o filho deste é o sucessor mas só se os outros gostarem dele, se não volta a haver votação para um novo chefe.

Têm telemoveis e relogios e quase todos arranham o ingles.

E, tal como eu, adoram o vermelho! Dizem que afasta os leões... ;)





 





 









2 comentários:

  1. Dulce

    Ena tantas fotos bonitas, apesar de ver documentários do NG não fazia a mínima ideia sobre esse costume de deixarem os mortos para serem comidos pelos animais selvagens, os Masai são um povo muito colorido.
    Sandra espero que tenhas trazido esse colar que é lindooooooooo.

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  2. Olha os "Perdidos na Tribo"...

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